História

Conheça as cidades residências dos Príncipes Eleitores do Sacro Império

Uma chuva de dinheiro caía sobre o Sacro Império Romando-Germânico no ano de 1256. Os beneficiados das altas quantias eram os arcebispos de Mainz e Colônia, além do homem de poder no Palatinado (mais ou menos na altura de Heidelberg). Era Richard Cornwall, irmão do rei da Inglaterra, Henrique III, o “generoso”. É claro que de generosidade não havia nada no ato de Cornwall. O desejo que tinha de obter a coroa do Primeiro Reich é o que o movia a pagar tanta propina aos homens mencionados. E tudo levava a crer que o inglês obteria sucesso em sua empreitada. Sim, um inglês sentando no trono alemão… Houve espanhóis, também…

Eram sete os Príncipes Eleitores

(Fonte: Wikipedia)

Para obter a vitória nas eleições para imperador do Primeiro Império, bastava obter quatro dos sete votos do pleito. Mas quem eram esses homens que, a partir de 1298 serão chamados de Príncipes Eleitores? Eram eles, do poder espiritual, os arcebispos de Mainz, Trier e Colônia; do poder temporal, o rei da Boêmia, o conde do Palatinado do Reno, o duque da Saxônia e o visconde de Brandemburgo. Para não nos perdemos na Geografia, a Boêmia equivale, hoje, à Tchéquia, o Palatinado tinha como centro de poder a cidade de Heidelberg, a Saxônia ainda existe no mapa alemão e tem capital Dresden e, por fim, Brandemburgo também ainda está no mapa, tendo Berlim em seu centro (apesar de não ser atualmente sua capital).

A pergunta que não cala é: por que estes sete homens e não outros de outras estruturas políticas pertencentes ao vasto império de mais de trezentas estruturas políticas? A resposta mais básica: proximidade ao poder máximo da corte imperial, assim como alguma investidura de importância na cerimônia da escolha do imperador. O conde do Palatinado era, por exemplo, uma espécie de primeiro conselheiro do trono, assim como o duque da Saxônia era marechal e o visconde de Brandemburgo, intendente.

Já os arcebispos de Colônia, Trier e Mainz tinham relações muito próximas com o Papa, o que os tornavam, evidentemente, figuras espirituais legitimadoras do poder do imperador. Além de serem, respectivamente, a autoridade maior da Igreja nos reinos da Itália, Burgúndia (região que equivale, hoje, a partes da França e Suíça) e Alemanha, os reinos que formavam o Sacro Império Romano-Germânico.

Atrações turísticas ligadas a essa bela história

Com o tempo, o número de Príncipes Eleitores aumentou de sete para nove e com a Guerra dos 30 anos (1618-1648), o Palatinado perdeu importância política para dar espaço ao duque da Baviera, da Casa dos Wittelsbach. Fora as belas cidades que se desenvolveram como capitais de alguns dos eleitorados – falemos de Berlim (Brandemburgo), Munique (Baviera), Dresden (Saxônia) e Praga (Tchéquia) – podemos ainda mencionar importantes construções diretamentes ligadas ao poder dos príncipes eleitores. O que queremos, com esse artigo é, portanto, direcionar seu olhar para estes edifícios com o conteúdo histórico que também acabou sendo importante para a constituição de uma aura que eles carregam consigo.

Em outras palavras, se você estiver em uma das cidades abaixo, você não poderá deixar de visitar os seguintes pontos turísticos:

1) Catedral de Colônia

Catedral de Colônia
(Fonte: Kirche Leben)

Talvez a mais impressionante construção gótica em território alemão. É das catedrais mais visitadas no mundo! Sua importância nos remete ao século 12, quando o imperador Frederico Barbarossa (ou Barba Ruiva) trouxe de Milão os restos mortais de nada mais, nada menos, que os três reis magos. A relíquia, que até hoje se encontra no domo, foi responsável pela intensa peregrinação que passou a ocorrer de todas as partes da Europa da Idade Média. Necessário explicar por que o arcebispo de Colônia era um dos eleitores do Sacro Império?

2) Catedral de Mainz

Príncipes Eleitores
(Fonte: Welt)

Mainz, às margens do rio Reno, já era residência de bispos romanos desde o século 4 d.C. Tornou-se cidade de influência de um vasto território do Primeiro Reich, tendo o arcebispo local como maior autoridade da Igreja no reino da Alemanha de então. Talvez o fato histórico mais constrangedor é o da compra do título de arcebispo e, consequentemente, Príncipe Eleitor, por Alberto de Brandemburgo, em 1514. Como se tratava de um homem mundano, que se beneficiava apenas da riqueza advinda das indulgências cobradas pela Igreja Católica, foi severamente criticado por Martinho Lutero, o grande nome da Reforma Protestante em território alemão. Em certa medida, um dos disparadores da Reforma foi o comportamento indesejável de Alberto de Brandemburgo, arcebispo de Mainz.

3) Basílica de Trier

Príncipes Eleitores
(Fonte: World Heritage Journeys)

Também chamada de Aula Palatina, a Basílica de Trier data do século 4 e é considerada pelos alemães a Basílica de Constantino, um dos últimos imperadores romanos. Sim, Trier é uma bela cidade para ver resquícios romanos na Alemanha. O fato é que essa construção nunca foi uma basílica, apesar de seu nome. Quando Trier torna-se cidade residência de um príncipe eleitor, o arcebispo local, este acaba construindo um palácio para si, integrando a ele a antiga basílica. Vale muito a pena não só visitar a “igreja”, como também o jardim do Palácio Eleitoral.

4) Castelo de Heidelberg

Príncipes Eleitores
(Fonte: Wikipedia)

O Castelo de Heidelberg é uma das mais famosas ruínas de toda a Alemanha. Reúne partes de construção do período medieval, mas também renascentista e barroco. É o símbolo da cidade e foi residência de um dos Príncipes Eleitores, especificamente o conde do Palatinado. As ruínas desse palácio não só nos contam de um final trágico para o Palatinado, que acabou perdendo sua importância política com o fim da Guerra dos 30 anos, em 1648. Também serão elemento inspirador do Romantismo alemão do século 19, algo do qual falaremos em outro momento.

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